Todos nós devemos casar!

Todos nós devemos casar! Sim, repito, todos, também nós frades, padres, freiras… mesmo todos devemos casar-nos! Em que sentido? Explico-vo-lo agora…

 

O post de hoje começa com um título propositadamente provocatório: “todos nos devemos casar! “. que dito por um frade, num blog de discernimento vocacional pode suscitar muitas perplexidades… Mas queria tentar abrir uma perspetiva nova sobre as nossas vidas, a partir precisamente das leituras deste 5º domingo da Páscoa, ano C.

Uma terra nova?

E partimos da segunda leitura, do livro do Apocalipse: “Eu, João, vi um novo céu e uma terra nova!”. Aqui fala-se de “um céu novo e uma terra nova”. Já alguma vez vimos um céu novo e uma terra nova? Já alguma vez vos aconteceu ver um céu novo e uma terra nova?

Com certeza Paulo e Barnabé viram muito de “terras novas”, pelo menos estando a quanto encontramos na primeira leitura. Se a relerdes encontrais nomeadas muitas cidades, regiões, lugares diversos… Em poucos versículos milhares de quilómetros, e de cada vez uma terra nova.

Mas se bastasse viajar para “céus novos e terras novas”, então a salvação seria apenas para quem tem tempo e dinheiro para tirar férias e andar continuamente em giro pelo mundo…

Na realidade aquilo que encontramos na primeira leitura não é um diário de bordo. Estes são “os atos dos apóstolos “, as ações dos apóstolos, das testemunhas da ressurreição do Senhor. Isto então não é um simples diário de bordo, mas é “palavra de Deus”. o que é que faz destas palavras, deste diário de bordo, palavra de Deus? Precisamente o facto que estes são “atos dos apóstolos”, ações de quem viu e dá testemunho.

Não são então os muitos lugares nomeados que fazem com que aqui haja “terra nova”, não é a viagem em si, mas o que está gravado, aquilo que é escrito entre um lugar e outro. O que dizem as gravações? Falam-nos de um olhar, de um modo de ver o mundo, donde nascem ações bem precisas: confirmar, exortar, permanecer firmes, escolher/designar, rezar, jejuar, confiar ao Senhor, acreditar, proclamar a Palavra, confiar-se à graça de Deus, reunir a Igreja…

E de facto o texto termina precisamente concentrando-se não tanto sobre lugares visitados, mas sobre as ações realizadas pelos apóstolos: “referiram tudo aquilo que Deus tinha feito por meio deles”.

Então os Apóstolos veem “céus novos e terra nova” não porque viajem, não porque procuram noutro lugar, mas porque têm olhos novos, têm um olhar que viu a Páscoa do Senhor e, portanto, sabem tomar ações novas, que fazem novas todas as coisas. Sabem ver naquilo que acontece, aquilo que Deus faz na sua história.

 

Não é então diversa a terra, não é diversa a história. São diversos os seus olhos!

E esta é uma experiência que pode fazer também cada um de nós. Nós estamos imersos todos os dias nas nossas vidas, nas nossas casas, nas nossas terras, sob os nossos céus. Serão sempre as mesmas, sempre aquelas, nada de novo. Mas aquilo que pode ser novo, e o pedimos de verdade ao Senhor, são os nossos olhos. Nós podemos ser diversos, nós podemos ser novos.

Casar-nos para viver

E vi a cidade santa, a nova Jerusalém [nova], descer do céu, de Deus, pronta como uma noiva adornada para o seu esposo” (Ap 21,2)

João no Apocalipse, vê a terra, vê a realidade que o rodeia. E também ele, como Paulo e Barnabé antes, a vê como uma coisa totalmente nova. Para ele agora aquilo que o rodeia, é uma realidade radicalmente nova, que desce de Deus, qualquer coisa que Deus lhe mete à disposição, ali para ele, como uma esposa para o seu esposo.

E como dito acima, esta é uma experiência que também nós podemos fazer, que também nós somos chamados a fazer. Se deixo que Deus me trabalhe, me faça um transplante de olhos, então também eu posso olhar para a minha realidade, o concreto dos meus dias, como aquilo que eu quero desposar. 

Preciso também eu de olhar para a minha realidade com os olhos de quem viu e acreditou, com os mesmos olhos com que a vê Deus. Se a vejo assim, então verei a minha vida, a minha realidade, como qualquer coisa de radicalmente novo, digno de ser amado, assumido, escolhido habitado, desposado.

Aqui está o apelo fundamental do Evangelho:

desposa a tua realidade!

Não fujas, não procures no meio das nuvens, não te refugies em arrependimentos, não escapes nos sonhos, não te feches no teu quarto… És chamado a desposar a tua realidade, que é aquilo que Deus te entrega. És chamado a acolhê-la, a assumi-la, a cuidar dela, a amá-la.

Deus faz assim connosco. Deus é apaixonado por nós, Deus “desposa-nos”, toma-nos, acolhe-nos, toma-nos ao seu cuidado, na nossa realidade concretíssima, assim como somos: Deus me desposa assim como sou, quer estar comigo!

Como eu vos amei, assim vos deveis amar também uns aos outros”, lemos no Evangelho de hoje.  como Deus vê o mundo, como Deus e vê a mim, e vê um filho amado, vê alguém por quem vale a pena dar a vida, assim eu, vejo a minha realidade, a minha vida, e vejo-a com um terra nova, uma cidade nova, que me é dada como esposa, para que eu me possa gastar por ela, possa dar tudo aquilo que sou por esta vida, por esta terra, por esta gente. Para que eu possa amar com o máximo das minhas possibilidades, para que eu possa amar como ele, no matrimónio, no ministério ordenado, na vida consagrada, em missão, no trabalho, naquilo que quiserdes.

Então, que eu seja um frade, uma freira, um padre, um marido, uma esposa, um homem ou uma mulher em qualquer estado de vida, um jovem em caminho vocacional… que eu seja um qualquer sobre esta terra, que eu possa desposar esta minha realidade, todos os dias, vê-la com os olhos de Deus, amá-la como ele, dar tudo aquilo que sou por esta intuição que me aquece a vida.

Voltemos então às nossas normais e velhas vidas, mas regressemos como homens e mulheres novos. Novos como ele, na manhã de Páscoa, ressuscitado, pronto a dar ainda e sempre a sua vida por nós.

Bom caminho a todos!

frei Zé Carlos

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