I DOMINGO ADVENTO – ANO C
2 de Dezembro de 2018
AS LEITURAS DO DIA
Dan 7, 13-14: O seu poder é eterno.
Salmo 92: O Senhor é Rei, num trono de luz.
Ap 1, 5-8: Fez de nós um reino de sacerdotes para Deus.
Evangelho Jo 18, 33-37: É como dizes: sou Rei.
A PALAVRA É MEDITADA
Com este domingo inicia o tempo de preparação para o Natal. É um tempo de espera pelo nascimento de Jesus. Passaram-se mais de dois mil anos desde aquele dia que mudou não só o calendário mas a própria vida do mundo. O profeta Jeremias previu-o: "Eis que dias virão – oráculo do Senhor – em que realizarei as promessas de bem que fiz à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo farei germinar para David um rebento de justiça" (Jer 33, 14-15).
Aqueles dias chegaram. Mas nós estamos de tal modo inclinados sobre nós próprios e sobre os nossos problemas, que corremos o risco de não nos apercebermos. O Advento vem sacudir-nos do nosso torpor, para que não sejamos apanhados por um estilo de vida aborrecido e triste.
As palavras do Evangelho vêm despertar-nos: "Estai atentos a vós mesmos, que os vossos corações não se endureçam em devassidões, embriaguez e afãs da vida e que aquele dia nãos vos apanhe de surpresa; como um laço ele se abaterá sobre todos aqueles que habitam sobre a face da terra. Vigiai em todo o momento rezando, para que tenhais a força de fugir de tudo o que está para acontecer, e possais comparecer diante do Filho do homem”.
Vigiar me todo o tempo rezando. Eis o que nos é pedido de hoje até ao Natal. O tempo que vem pede a cada um de nós um sério compromisso de vigilância: "Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima", diz Jesus. É tempo de nos levantarmos da preguiça do egocentrismo e de rezar. Levantar-se quer dizer esperar qualquer coisa de novo, ou melhor, alguém que é novo: Jesus. Trata-se portanto de orientar os nossos pensamentos e as nossas esperanças para aquele que deve vir. E a oração está ligada à vigilância. Quem não espera não sabe o que significa rezar, não compreende o que queira dizer dirigir-se ao Senhor com todo o coração. A oração nasce sempre da espera de alguém que deve vir e começa quando levantamos a cabeça de nós mesmos para dirigir os olhos ao Senhor. "A ti, Senhor, elevo a minha alma", canta a antífona de entrada da missa deste domingo. Os dias que nos separam do Natal sejam dias em que frequentamos o Evangelho, dias de escuta e de reflexão. É este o sentido da vigilância e d aoração.
Não passe um dia portanto sem que pelo menos uma palavra tenha sido deposta no nosso coração. É verdade, muitas vezes o nosso coração assemelha-se a uma gruta escura. Mas neste tempo de Advento pode tornar-se, como na gruta de Belém, o lugar onde o Senhor Jesus renasce. Escrevia um místico do século XVII: "Nascesse Cristo mil vezes em Belém, mas não no teu coração, estarias perdido para sempre".
A PALAVRA É REZADA
Senhor Jesus, amigo e irmão,
acompanha os dias do homem
para que cada época do mundo,
cada estação da vida
entreveja algum sinal do teu Reino
que invocamos em humilde oração,
e justiça e paz se abracem
a consolar aqueles que suspiram pelo teu dia.
Cada idade da vida dos homens
pode celebrar a vida porque tu és a Vida.
Tu sabes que a espera cansa, que a tristeza abate,
que a solidão mete medo:
Tu sabes que temos necessidade de ti
para ter acesa a nossa pequena luz
e propagar o fogo que tu vieste trazer à terra.
Enche de graças o tempo que nos dás para viver por ti!
Senhor Jesus, juiz último do céu e da terra, vem!
A nossa vida seja como uma casa
preparada para o hóspede esperado,
as nossas obras sejam como os dons a partilhar
para que a festa seja feliz, as nossas lágrimas sejam
como o convite a fazer depressa.
Nós exultamos no dia do teu nascimento,
nós suspiramos pelo teu regresso:
vem, Senhor Jesus!
Ámen.
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)