XXIX DOMINGO TEMPO COMUM – ANO A
18 outubro 2020
AS LEITURAS DO DIA
Is 45, 1.4-6: Tomei Ciro pela mão para subjugar diante dele as nações.
Salmo 95: Aclamai a glória e o poder do Senhor.
1Tes 1, 1-5: Recordamos a vossa fé, esperança e caridade.
Evangelho Mt 22, 15-21: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
A PALAVRA É MEDITADA
A 1ª leitura de hoje é um aceno a um facto histórico. Provo a sintetizá-lo. naqueles tempos, quando um rei ocupava um país, deportava a população para poder ter escravos. Por este motivo os hebreus foram deportados para Babilónia; a actual Bagdad. (Não penseis que hoje as coisas melhoraram, porque é verdade que não fazemos mais guerras para ter escravos, mas existe gente que está de tal modo mal em sua casa, que vem por si a fazer trabalhos que nós não queremos fazer, esperando de encontrar dadores de trabalho cristãos e não escravistas).
Ciro, rei da Pérsia, pensava de maneira diferente; considerava que podia governar melhor um território grande procurando fazer com que as populações ocupadas estivessem contentes em estar sob o seu domínio. Para obter isto permita-lhes permanecer em casa, mantendo também a sua religião, pelo que, depois de ter ocupado também a Babilónia, permite aos hebreus ali deportados que regressem à sua pátria e possam reconstruir o seu templo. Por isso é considerado um instrumento providencial de Deus, mesmo se ele, este Deus não o conhece.
No evangelho de hoje vemos pessoas que querem apenas encastrar Jesus e não o escutar. Jesus responde-lhes com uma frase que lhe permite fugir à questão, tanto é assim que não responde nem sim nem não, mas se nós lhe puséssemos esta pergunta verdadeiramente, sem malicia, o que é que nos responderia hoje?
Talvez diria que tudo é de Deus e tudo aquilo que temos nos foi dado por ele, mas ele convida-nos a construir o seu reino sobre esta terra, trabalhando na sua vinha. Para fazer isto cada um de nós deve colaborar na edificação desta sociedade, onde há necessidade de tudo e de todos, cada um com as próprias capacidades. E é indispensável que existam também escolhas para comandar e taxas para poder organizar os serviços necessários a todos.
Por isso dêmos a César o que é de César, mas rezemos para que César seja verdadeiramente um dom de Deus e um instrumento dócil nas suas mãos, mesmo s enão o sabe, como foi Ciro no seu tempo. Disto temos necessidade hoje. Por isso rezemos e peçamos ao Senhor que reine e oriente a nós e quem nos governa para que este seu reino venha também hoje. Sinal que este se realiza é sempre e será sempre a tutela dos mais frágeis.
A PALAVRA É REZADA
Aqueles fariseus julgavam ter encontrado o modo
De finalmente te porem em dificuldade.
Não podiam com certeza imaginar quantas vezes ao longo dos séculos
A sua interrogação teria ainda ressoado,
Quantas vezes na tua Igreja, em épocas e com acentos diversos,
Nos teríamos posto a mesma questão,
tentando de explicar a tua Palavra
às esperanças e aos interesses do momento.
E, contudo, não, Jesus, não é mesmo possível:
A tua Palavra é demasiado clara
Para ser deturpada, demasiado nítida e demasiado decidida
Para poder ser aguarelada com alguma desculpa:
«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Aos teus discípulos tu pedes uma relação límpida com o poder,
As obrigações a reconhecer aquilo que recebem do Estado onde habitam,
Exiges que façam a sua parte para contribuir para o bem de todos
Sem escapatórias, sem subterfúgios, sem pretextos,
Sem juntar objetivos mais ou menos bons ou dignos.
Mas pedes também um comportamento consequente
E pelo menos uma análoga seriedade na relação com Deus, o teu Pai.
Ámen
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)