XI DOMINGO TEMPO COMUM – ANO A
18 de Junho de 2017
ANO A
AS LEITURAS DO DIA
Ex 19, 2-6: Sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação santa.
Salmo 99: Nós somos o povo do Senhor, as ovelhas do seu rebanho.
Rom 5, 6-11: Quando éramos fracos, Cristo morreu por nós.
Evangelho: Mt 9, 36-10,8: Chamou os doze discípulos e enviou-os.
A PALAVRA É MEDITADA
A messe é grande. Eu pensava que os campos da vida fossem áridos e os tempos maus. Eu teria dito: há tanto para lavrar e fatigar; para recolher, no fim, basta qualquer um. Existe demasiado suor a misturar à semente, uma rede a lançar durante toda a noite, e talvez para não apanhar nada, como Pedro no lago. Afinal Jesus responde: a colheita é abundante. E faz-nos compreender que o campo é seu, a semente lança-a Ele, o mundo é Ele que o faz crescer. Há tanto para recolher porque o terreno é bom; a história sobe, positiva, em direcção a um Verão perfumado de frutos e não em direcção a um deserto sanguinoso.
Do alto Alguém vê que o mundo ainda é coisa boa, como nas origens; ainda tem fé na fé bondade do homem, até mesmo na minha. Cada coração é uma leiva de terra semeada de gérmenes divinos: um mistério passa entre o coração do individuo e Deus, sobre o qual eu, recolhedor e pastor, não intervenho, mas admiro e agradeço. Recolhedores procura o Senhor, porque a fadiga maior já a fez um outro, Aquele que ainda sai a semear no meio de silvas e pedras, sobre estradas e bom terreno, de mãos cheias, com o coração cheio.
Mas quem juntará as colheitas da paz, da justiça, da confiança, da alegria? São os discípulos que se convertem em apóstolos. Também tu és chamado a acrescentar o teu nome à lista dos doze, cada um é o décimo terceiro apóstolo, cada um escreve o seu quinto evangelho, recebe a mesma missão dos doze: anunciai que o reino de Deus está próximo; Deus está convosco, com amor. Sente-o tu quando, não sabes porquê, te arde o coração (Rilke). É Ele, o pastor bom que leva as tuas inseguranças. Não existe nenhuma escolha que ensine a ser apóstolos, porque não são as palavras, por mais belas que sejam, que contam, mas a convicção, a paixão e a admiração que contêm. Como farás para testemunhar que Deus está próximo, se tu em primeiro não o sentes?
Deus não se demonstra, mostra-se: com os gestos da piedade e da compaixão: curar, ressuscitar, sarar, dai … O enviado é pobre: um bastão para se apoiar no cansaço, as sandálias para andar e andar ainda. Não tem bolsa nem dinheiro, mas tem a paz que ilumina os olhos e a força que rege as mãos; tem asas de águia, diz a primeira leitura; um suplemento de asas, uma estrada para o céu, e uma palavra capaz de raptar o coração. Cada um, como Cristo, é cruzamento de finito e de infinito, de pés cheios de pó e de asas de águia. A dupla missão do discípulo é: existir para Deus, para curar a vida. Ou pelo menos para cuidar dela, se de curara não somos capazes, de rebanhos e de messes, de dores e de aas, de um mundo bárbaro e magnífico.
A PALAVRA É REZADA
Grande é o teu amor, ó Deus!
Tu queres ter necessidade de homens para te dares a conhecer aos homens,
e assim ligas a tua acção e a tua palavra divina
ao agir e ao falar de pessoas nem perfeitas nem melhores que os outros.
Grande é o teu amor, ó Deus!
Não temes pela nossa fragilidade e nem pelo nosso pecado:
fizeste-o teu, para que fosse nossa a tua vida que cura todo o mal.
Grande é o teu amor, ó Deus!
Renova ainda a tua aliança graças a quem entre nós reparte o Pão de vida,
a quem pronuncia as palavras do perdão,
a quem faz ressoar anúncios de Evangelho,
a quem se faz servo dos irmãos,
testemunhas do teu amor infinito, que tornam visível o Reino.
Pedimos-te, ó Deus:
Faz que estes operários nunca desfaleçam na tua messe!
Ámen.
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)